Ontem apanhei o susto da minha vida. Foi tão grande que quis esquecer
tudo e não falar sobre nada. Tomei uns calmantes que me mantiveram tão
calma que decidi desculpar tudo...
Mas hoje, acordei e pensei: “Ganda cena, aconteceu mesmo!”
Não dormi quase nada a pensar e até sonhei com isto.
NÃO POSSO FICAR CALADA!
Eu tinha acabado de me levantar, estava no corredor porque ia a
cozinha, ainda meio ensonada, e ouço aquilo que me parece uma explosão,
dou um pulo e vejo uma mão cheia de homens encapuçados entrarem me pela
casa adentro..
O meu primeiro pensamento foi que eram ladrões. Fugi
para a cozinha e com o pânico, aos gritos, amaranhei, ou tentei
amaranhar, por uma parede.
Quando me viro de frente só vi luzes que me ofuscavam apontadas a minha cara e canos de metralhadoras.
Pensei "isto não está a acontecer" e gritei : "Isto é alguma partida? É algum treino?"
Eu estava em pânico. Gritaram para que me deitasse no chão. Só depois
de me deitar no chão, por não ter as luzes apontadas aos olhos consegui,
perceber que aquilo eram fardas e percebi que os senhores encapuçados
tinham a sigla GNR na roupa.
Pensei "passa-se qualquer coisa na rua e vieram ajudar-me”.
Deitei me no chão enquanto gritava: “Eu deito-me mas expliquem-me, por favor expliquem- me!”
Continuava apavorada mas mais calma por perceber que eram polícia e não
ladrões até que oiço um grito forte e duro "algemem-na"!
Nesse instante parei de gritar.
Gritaram:"mãos atrás das costas!" Meti as mãos atrás das costas e com
toda a calma do mundo perguntei: "Algemem-na? Porquê? Deixem-me ir
buscar os meus documentos, deixem-me identificar. Eu nem sou a
proprietária da casa, é alugada!"
Gritaram de novo: "Calada! Apertem bem as algemas!"
Voltei a entrar em pânico. Retomei os gritos: "Deixem-me ir buscar os meus documentos por favor!"
E eles, sempre a gritar: "Cale-se! Não tem que falar. Já vai falar onde tem de falar!"
Ao que eu respondi: "Mas daqui a nada tenho que ir buscar o meu filho à escola. Deixe-me ligar a alguém!"
A resposta: "CALADA!"
Entrei em pânico. Não sabia o que fazer! Não sabia o que se passava nem o que ia acontecer. O que queriam fazer…
Não sabia porque me estavam a fazer aquilo.
Depois de revistarem a casa ouço o grito: "LEVEM-NA!"
Fiquei ainda pior.
Levantaram-me do chão, pegaram-me pelos braços e arrastaram-me pelo corredor.
Eu esperneei e gritei: “Por favor, não! Eu tenho um filho, isto é uma
vergonha. Assim não! Deixem-me vestir! Pelo menos vestir…"
Eu estava descalça, com uns calções e uma t`’shirt de pijama.
Quando estavam prestes a sair comigo a rua naquele estado alguém me
puxou de forma abruta para a sala que ficava em frente à porta da rua,
puxou uma cadeira e sentou-me.
Um dos mascarados gritou: "COMO É QUE SE CHAMA? "
Eu dei a resposta. Tremia por todos os lados e disse: "Cheila. eu chamo-me Cheila."
Perguntam de seguida: "Onde está..." e dizem o nome de um homem. Na minha casa o único homem é o meu filho...
Eu não respondi logo. Primeiro ri me tanto, por perceber que ia ficar
esclarecido, e depois esclareci: “Não é nesta casa! Aqui não vive nenhum
homem!"
Eles perceberam que estavam na casa errada e foram para outra.
No entanto continuei naquela cadeira, sentada e algemada, porque, diziam eles "o protocolo deve ser seguido até ao fim!"
Eu pedi por favor para me tirarem as algemas disse que estava demasiado
exaltada e que a mão estava dormente mas responderam que não podiam até
se esclarecer tudo...
Mantiveram-me algemada naquela cadeira.
Olhei para trás e vi a minha mão roxa e disse: "Estou a ficar com a mão roxa. Não podem alargar as algemas?"
Responderam-me que não. Disseram que iam chamar o "cabo da operação ".
Enquanto permanecia algemada explicaram-me que esta era uma
investigação que vinha de há muitos meses e que tinha havido um engano.
Eu disse "Então já me podem tirar as algemas?"
Responderam-me que já tiravam. Era só mais um bocado. Disseram-me que se eu não me mexesse não me aleijavam tanto…
Até que apareceu um senhor e gritou: "DESALGEMEM A RAPARIGA!"
Depois, super-simpáticos perguntaram se precisava de ir a um hospital.
Disseram que pagavam os estragos e que estavam preocupados comigo.
Perguntaram se me tinham aleijado. Eu só queria sair dali. Disse que
estava tudo bem e fui logo para casa da minha irmã que me deu uns
calmantes.
Foi a pior experiência porque já passei. E se ontem eu não queria tocar neste assunto, hoje só quero que sejam repreendidos.
É verdade que DEPOIS foram simpáticos mas isto não se faz. Isto não
pode acontecer. O meu filho estava na escola mas podia estar em casa.
Não pode ser!
Foi por muito pouco que não sai à rua naqueles preparos e algemada.
Só não aconteceu porque não me calei como ordenaram.
ESTAS COISAS NÃO PODEM ACONTECER! NÃO PODEM MESMO!
Para eles foi só uma operação calma em que tiveram uma entrada fácil
numa casa onde não foi oferecida resistência. Para mim, para mim foi um
filme de terror que nunca mais acabava.
Isto não pode ficar assim!!!
E dou aqui a conhecer porque tem havido mais gente a relatar me casos destes.
Ouvi alguém dizer e é verdade:
"Mas então, dão armas a quem não sabe ler?"
Este relato foi retirado daqui
Nota do Olhão Livre: Este relato da cidadão Cheila, é demasiado grave para ser verdade,e um autêntico atentado a todos os cdadãos que vivem num estado de direito,fazendo-nos recuar ao tempo em que a PIDE invadia as casas,parta as levar presas, sem qualquer mandato juducial.
domingo, 2 de novembro de 2014
Será que a GNR sabe ler? Relato de uma cidadã que foi tratada como terrorista!
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