RIA FORMOSA: INCOERÊNCIA POLITICA!

Se alguma coisa retrata bem da incoerência, da hipocrisia politica, é a atitude dos partidos em relação à situação dos moradores da Ria Formosa. É o vale tudo, até cuspir na gamela onde comem!

Desde que começou a saga das demolições na Ria Formosa que os partidos com representação parlamentar, têm alterado as suas posições, de acordo com as suas agendas e estratégias mas sempre como pano de fundo, os actos eleitorais.

Nenhum deles se preocupa com os moradores, empurrados de um lado para o outro, quando todos eles dizem defender que as políticas publicas devem fazer-se para e com as pessoas, mas ignorando-as na hora das decisões.

São essencialmente duas as câmaras municipais em cujas áreas de intervenção estão previstas as demolições, Olhão e Faro.

Em Olhão, mais concretamente nos ilhotes foram demolidas as habitações, algumas delas não apenas de primeira mas de única habitação sem que houvesse o cuidado de proceder ao realojamento de forma duradoura e segura para os deserdados da pouca sorte. Neste caso, o presidente socialista da Câmara Municipal de Olhão não tugiu nem mugiu. 

Mais, quer no POOC, quer no Polis estão previstas demolições na Ilha da Armona, situação sobre a qual o presidente nunca se pronunciou.

Mas soube pronunciar-se sobre as demolições na Ilha da Culatra e muito particularmente em relação aos núcleos dos Hangares e Farol, promovendo até providencias cautelares, o que os moradores agradecem.

Mas as posições do presidente também mudaram. À época, tínhamos um governo de direita radical, ao qual o seu partido se opunha; agora temos um governo de uma direita democrática, representada no falso partido socialista.

E assim, o presidente que até pretendia candidatar-se à presidência dos órgãos regionais do partido e entrar e guerra com a direcção nacional, acabou por abster-se na votação da Assembleia Geral da Polis quando se punha a hipótese do fim da famigerada sociedade.

Por outro lado, os representantes da coligação PSD/CDS, fizeram aprovar na Câmara Municipal de Faro, uma moção contra as demolições, contando com a abstenção do PS e da CDU.

Todos sabem qual era a posição do PSD e dos seus representantes eleitos pelo circulo do Algarve de firmeza na "reposição da legalidade" nas ilhas barreira e até do próprio presidente da câmara farense. Obviamente que a única coisa que mudou, não foi o bom senso, que isso não têm, mas sim o facto de terem sido corridos do Poder. E seria bom que os moradores tivessem sempre presente que estamos a pouco mais de um ano para as eleições autárquicas, cuja pré-campanha, pelos vistos, já começou.

Mas que dizer da abstenção do PS e da CDU, quando os dois partidos levaram na câmara e na assembleia municipal a pronunciarem-se contra as demolições?

Para os representantes do PS, a única coisa que mudou foi a subida ao Poder do seu partido!

Já para a CDU, nada mudou, a não ser o apoio a um governo a quem mais dia menos dia, tira o tapete!

Era do interesse dos moradores que todos os partidos se manifestassem contra as demolições, e ainda que demagogicamente, a moção fosse apresentada pela direita, tanto PS como CDU deveriam ter aprovado, sem quaisquer complexos, a dita moção, apresentando uma declaração de voto a justificar a sua tomada de posição, como salvaguarda dos interesses dos moradores.

Bem se percebe que uma posição como a abstenção esconde uma agenda, uma estratégia partidária, mas que não serve aos moradores da Ria Formosa, pelo contrario fragiliza uma unidade que se pretende construir.

Os moradores das ilhas barreira, a seu tempo, verão quem afinal está nesta guerra, por princípios, por valores, que não por agendas ou estratégias. O Povo português precisa de mudar de paradigma e vai perceber que não será com estratégias destas que o conseguirá.

Os moradores das ilhas continuarão a sua luta, indiferentes a tudo isto, porque só uma luta dura os levará à vitoria.