Há uns anos atrás, a Câmara Municipal de Olhão, então presidida pelo cacique Leal, pensou deslocalizar os Mercados Municipais para outra zona, o que levou a que os comerciantes da Rua do Comercio se pronunciassem contra porque tal poderia significar o fim do comercio local.
Se olharmos aos centros comerciais, encontramos a mesma lógica de enquadramento de uma zona de comercio apoiada numa ancora, o grande estabelecimento de distribuição alimentar e ainda apoiado num parque de estacionamento para utilizadores e um local apropriado às descargas.
Até ao momento, esse tem sido o molde de funcionamento dos Mercados Municipais, que aliado à frescura dos produtos ali vendidos trás à zona milhares de visitantes ao sábado.
Nas sucessivas entrevistas e naquilo que o presidente da Câmara propõe, toda essa lógica será invertida, começando por acabar com o estacionamento no lado sul dos Mercados e posterior mente, no lado norte da Avenida 5 de Outubro. Quanto aos operadores, o estacionamento ficará reduzido ao pequeno Parque a poente do Mercado de peixe.
A levar por diante tal intenção, os Mercados, que já viveram melhores dias, poderão vir a encerrar portas por falta de clientes, algo que já se verifica, com pelo menos um talho a dar lugar a um novo bar.
Mas também, ao transformar o lado sul dos Mercados em zona pedonal, a breve prazo a zona de terrado perderá o tradicional mercado de sábado, o maior cartaz turístico de Olhão.
Toda esta situação é agravada com a transformação da 5 de Outubro numa via de um só sentido, desaparecendo por completo a tal lógica de um loja ancora de todo o comercio da zona.
Pina, o pequeno ditador, entende que só ele é que sabe e que é ele quem manda, contando para isso com o apoio incondicional dos representantes do PSD na Câmara, borrifando-se para os interesses da população.
É nosso entendimento que qualquer cidade, deve desenvolver-se para satisfação dos residentes de tal forma que quem nos visita, sinta a vontade de regressar. Ao contrario Pina, pensa única e exclusivamente na satisfação dos visitantes mas ignorando os residentes, descaracterizando toda a zona em nome do crescimento turístico.
A nova "Quarteira" de Olhão, que será o calçadão em preparação, vai ser dotada de um conjunto de esplanadas em toda a sua extensão. Mesmo que se venha a verificar o crescimento de visitantes, a dispersão por tanta esplanada, não trará nada de mais aos estabelecimentos de bebidas já existentes, embora temporariamente possam ter algum beneficio, enquanto não acabar o mercado no exterior aos sábados. E isto na época alta, porque na baixa, a frente ribeirinha, será ainda mais desertificado do que é na actualidade.
Gastar os dinheiros públicos, extorquidos a todos os munícipes, para satisfazer alguns interesses, não é desenvolver a cidade e o seu Povo.
Basta pensarmos que se o Povo de Olhão tivesse ganhos nas suas actividades tradicionais, onde o Pina devia aplicar o dinheiro de todos nós, acabavam por ser tão ou mais consumidores do que os forasteiros, que serão sempre bem vindos, mas nunca substitutos de quem aqui reside.
Porque o Pina não ausculta a opinião das pessoas, promovendo uma discussão séria sobre o tema? O tempo da ditadura acabou com o 25 de Abril. E o caciquismo está desatualizado!
REVOLTEM-SE, PORRA!
1 comentário:
Preocupante, muitíssimo preocupante. O que vem sendo anunciado pelo presidente da CMO e, afinal, está já em marcha, é de facto um plano que visa 'Quarteirizar' Olhão, apostando todas as fichas em servir uma massificação turística como pretensa "aposta" de valorização, qualificação e desenvolvimento, num esquema de custos irreversíveis para a traça da cidade.
Já o 'circuito das lendas', imposto de forma pedante, fazia antever o pior, mas aconteceu. Como estão a acontecer e para acontecer coisas nefastas, construídas “para inglês ver” à revelia da mais elementar constatação de que mesmo este, o turista em Olhão, em regra, busca precisamente o contrário. Tantas vezes é essa mesma condição, de turista, que pretende despir, fixando residência, apaixonado por uma cidade com personalidade, com um mercado fervilhante, um culto de ligações directas por oposição aos assépticos hipermercados. E é esta personalidade que está a saque. Foi esta personalidade que foi tão mal “qualificada” pelo citado ‘circuito’ lendário, de uma forma aparolada, ostensiva. Assim e pior ainda também era o que se enunciava para a Zona Histórica (torre de 21 m, ligação viária da 5 de Outubro à Carlos da Maia, aumento generalizado da cota de construção à 5 de Outubro…); não o sendo já (?), nada do que está a ser posto em marcha ou anunciado deixa antever coisas boas.
Em lugar de recuperar um cinema outrora fulgurante em Olhão, promovendo activamente o restauro e robustecimento da Recreativa Rica, por exemplo, a edilidade concentra-se em ceder apetecíveis posições imobiliárias para novas construções – e também a Recreativa tem já o camartelo ameaçando pender sobre si.
Num primeiro momento, desenhando-se o Plano de Pormenor da Zona Histórica, em linha com o circuito pop chunga das lendas, apontava-se um cinema ao ar livre para o Largo João da Carma, quando a Recreativa o poderia assegurar – e ainda pode, se restaurada.
E o antigo Matadouro, que já teve prometido um museu e parece jazer à espera de ser rodeado de mais apartamentos, apart-hotéis ou lá o que é? E o Grémio? E o edifício onde era o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Conservas na Humberto Delgado, mesmo à beira da Junta? E a habitação social e todo o património devoluto de Olhão?
Preferir licenciar novas unidades hoteleiras a liderar, pelo exemplo, a restauração patrimonial da cidade, é escolher prosseguir a via da especulação imobiliária em detrimento dos próprios constituintes.
Se a ameaça da purga dos Mercados e da frente Ria não é o toque a reunir… Não há na oposição forças capazes de oferecer à cidade uma alternativa efectiva que desligue o jugo especulativo e se guie pelo mais elementar bom senso?
(…)
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