A democracia é cada vez mais uma miragem que se vai esfumando com o decorrer dos tempos. Alegando a necessidade de conter a despesa pública, vão-se tomando as medidas mais impopulares de que há memória desde 25 de Abril de 1974.
Os sindicatos, com a imagem desgastada, pela sua subserviência ao P"C"P, uns e ao P"S" e PSD, convocando greves que os governantes até aplaudem, porque no fundo é só menos um dia de ordenado que o Estado tem de pagar e, como se não bastasse, ainda permite ao governo denegrir a luta porque a idéia que fica é a de que as greves são apenas um pretexto para um fim de semana mais comprido.
Com os sindicatos desacreditados, os partidos de esquerda mais interessados em manter os lugares dos seus quadros com mais cartaz, a capacidade de mobilização das massas está seriamente afectada.
O Povo está cansado de tanta demagogia, de tanta promessa por cumprir, de ver a classe política brincar com a vida de todos nós. É a "Saúde", é a "Justiça", é a "Educação". Para onde quer que nos viremos não se vislumbra nada de melhor. Na "Saúde" vamos assistindo como que ao surgimento de uma nova máfia, uma máfia que recebe os doentes nos Centros de Saúde e, se lhes cheira a dinheiro, emcaminha-os para os seus consultórios particulares. As consultas de especialidade mais caras, muito mais caras, do que aqui ao lado na vizinha Espanha ou do que numa Suiça, onde as pessoas tem um nível de vida bastante superior ao dos trabalhadores portugueses. E começa a ser vulgar ouvir-se que se vai ao médico com uma possível doença e sai de lá com quatro, cinco ou mais doenças. E, tudo isto, com a complacência dos senhores do Poder.
Na "Justiça" assistimos a outra desgraça. O caso "Casa Pia" trouxe à tona toda uma série de questões que estavam mal e que continuam a estar. Apesar de a classe política ter concordado que havia falhas, que havia necessidade de algumas correcções, do próprio Presidente da República na época, Jorge Sampaio, ter vindo a terreiro defender a necessidade de alterações, que alterações se registaram? Enquanto foi decorrendo o processo (e ainda decorre) fomos de recurso em recurso, incidentes de recusa e todas as formas legais que tem retardado a conclusão do caso. O "caso" dos agentes da Judiciária mortos no norte e que cujos autores saíram em liberdade por ter prescrito o tempo de prisão preventiva como se isso fosse mais importante do que a vida daqueles que a perderam. O "caso" Maddie, onde fomos enxovalhados pelos mídia britânicos e que as declarações do Director Nacional só lhes dá razão.
Na "Educação" onde os professores são quem menos conta e o mais importante é criar um nova classe de analfabetos com o 9º ou 12º anos. A fasquia das exigências vai descendo na medida inversa de uma ignorãncia que galopa com as facilidades que os encarregados de educação proporcionam aos seus educandos, não percebendo que estão a comprometer o futuro dos seus educandos.
Se nos principais pilares da democracia, naquilo em que mais devemos acreditar, é o que é, que dizer do resto? Mais parece estarmos numa república das bananas que num estado moderno.
O Bastonário da Ordem dos Advogados veio a terreito defender posições que põe em causa algumas mordomias da classe política e que prontamente começaram a ser rechaçadas. Claro que os especialistas em leis, os homens de Direito, fazem falta na Assembleia. Mas também não é menos verdade que o sentimento geral da população é de que há uma grande promiscuidade entre os eleitos e interesses que nada tem a ver com a população em geral. Os homens de Direito com uma cadeira em S. Bento não advogam causas dos "pé rapados". Eles advogam causas, sim, dos grandes senhores e dos grupos económicos que exploram os mais desprotegidos. E, não é por acaso, que, como que em resposta, a classe política vem agora defender os rendimentos secretos. Já não lhes chegam as mordomias que tem, a multiplicidade de acumulações, senão ainda manterem secretos os chorudos rendimentos. Vergonha ou despudor?
O patrão da CIP acha que o "livro branco das relações laborais" peca por defeito. O senhor quer mais. Quer poder despedir a seu belo prazer. Com o pretexto da renovação dos quadros, isto é, com a manutenção do mesmo número de trabalhadores e sem encargos e uma vez que pode utilizar esse pretexto, acaba-se o direito à greve, acaba-se o direito de lutar por melhores condições de vida. Nos locais de trabalho, já nem tudo se pode dizer. Qualquer coisa pode servir de pretexto para o despedimento e caso o presidente da CIP conseguisse os seus intentos, pode-se dizer que estaríamos numa ditadura, num estado fascista. De democrata, já pouco tem este governo e com propostas destas ainda menos. A canga vai ficando cada vez mais pesada. Até quando?
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