Sabendo que os "boys" apoiarão o seu chefe de fila, Manuel Alegre está consciente de que no secretariado ou num congresso dificilmente obterá uma vitória. Mas também está ciente do peso que teve o movimento cívico que criou quando se candidatou à presidência da república e que teve mais votos do que o candidato apoiado pelo seu partido, isto é, teve uma maior base de apoio à boca das urnas que o seu próprio partido. Este peso, esta força, permite-lhe, agora, pôr a fasquia bem mais alta e desafiar Sócrates: "Queres um sufrágio interno? Não! Vamos às urnas em 2009 e logo se vê! O povo dirá qual dos dois é mais querido."
Os "boys" sabem que tem muito a perder se ´Manuel Alegre abandonar o barco. São três eleições num muito curto espaço de tempo, provavelmente até duas delas se efectuarão em simultâneo. Se Alegre se lembrar de candidatar às Legislativas e às autarquícas poderá conduzir à derrota de Sócrates e do P"S" tanto numa como na outra. E à medida que o descontentamento vai aumentando, é cada vez mais expectável que, mesmo que Sócrates se lembre de dar um "bom" rebuçado ao "Zé", esse rebuçado perca o efeito desejado porque o apertar do cinto é excessivo para o que o "Zé" está disponível a suportar.
Mas, ao mesmo tempo, querer casar P"S, P"C"P e Bloco de Esquerda a título de refundar a esquerda, significa por outras palavras que para ele, Manuel Alegre, a esquerda não existe. E ainda que refunda essa pseudo-esquerda, cada vez menos poderão continuar a enganar o "Zé". A "esquerda" de que Manuel Alegre fala, é uma "esquerda" comprometida com um sistema podre, com um sistema que dá a governação a Bruxelas e transforma o governo nacional numa espécie de moço de recados encarregue de aplicar aquilo que Bruxelas entende ser necessário.
Sem comentários:
Enviar um comentário