Ontem de manhã, um pescador num bote, ao tentar entrar na barra da Fuzeta naufragou, tendo sido de imediato ajudado por outros pescadores que aguardavam para entrar na barra, pelo que não há vitimas a lamentar, para alem do enorme susto.
A situação da barra da Fuzeta já aqui foi denunciada por diversas vezes e continuaremos a fazê-lo sempre que surja uma oportunidade, como infelizmente aconteceu agora.
Em Março de 2010, fruta da conjugação do preia-mar de marés vivas equinociais com vendaval, não só foi destruído todo o edificado existente naquela parte da Ilha da Armona, como foi aberta uma nova barra. Barra essa que, segundo o então técnico da Administração da Região Hidrográfica do Algarve, Sebastião Braz Teixeira, caso o mar não a abrisse que o deveria ser feito por dragagens.
Mexeram-se então os poderes locais que exerceram pressões diversas e acabaram por decidir deslocalizar a barra, como se tratasse de um qualquer jogo. E na verdade tratava-se de um jogo mas de interesses, já que tinham sido autorizadas construções em Domínio Publico Marítimo, em zonas ameaçadas pela subida das marés e que desaconselhavam a edificabilidade.
Desde logo, os pescadores da Fuzeta se pronunciaram contra a deslocalização da barra porque já se sabia que a tendência migratória das barras naturais se faz no sentido poente-nascente e que quando chegado o ponto limite volta ao seu ponto inicial.
Prevaleceram os interesses turístico-imobiliários!
Por outro lado, os portos e barras, no passado estavam sob jurisdição da Junta Autónoma dos Portos do Sotavento do Algarve (JAPSA), passando depois para o Instituto Portuário Marítimo até chegar à Docapesca, entidade que detém a jurisdição da barra.
Aliás, a jurisdição da Docapesca vai alem dos portos e das barras, abrangendo também as frentes ribeirinhas a elas adjacentes. Nos últimos anos temos assistido às autarquias a quererem tomar conta da gestão das zonas ribeirinhas para o que têm vindo a celebrar os respectivos contratos de gestão pelos quais se obrigam, ou deviam, a ceder contrapartidas à entidade com jurisdição, a Docapesca.
No passado, a JAPSA tinha uma draga e batelões que lhe permitiam manter nas melhores condições de navegabilidade barras e canais no Sotavento algarvio, mal se percebendo porque a Docapesca não dispõe dos mesmos meios.
Alegar faltas de recursos financeiros quando se tem a jurisdição de um enorme património, permitindo que as autarquias fiquem com os resultados da sua gestão e não os apliquem naquilo que é necessário, é seguir uma política criminosa.
No caso da Fuzeta, a Docapesca, para não fechar portas, entregou a gestão do Serviço de Lotas e Vendagem à Associação de Pescadores, uma forma de lavar as mãos da responsabilidade da primeira venda do pescado mas também do problema da barra, que continua a ser seu.
José Apolinário, actual secretário de estado das pescas e ex-presidente da Docapesca, como bandido político que é, sabe do que se passa naquela barra, mas fingiu e continua a fingir que de nada sabe, e se algum dia alguém perder a vida naquela barra, a ele deve ser apontado o dedo pela criminosa morte que possa ocorrer.
Aos pescadores da Fuzeta cabe a árdua tarefa de se organizarem e lutarem contra um governo de criminosos.
LUTEM, PORQUE SEM LUTA NÃO HÁ VITORIA!
1 comentário:
José Apolinário é natural do Concelho de Olhão e mesmo assim não passa cartão aos seus conterrâneos vejam lá o calibre deste homem!
E se fosse de Faro não havia água que o lavasse!
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