domingo, 24 de novembro de 2019

OLHÃO: MINISTRO DO MAR OUVE PROTESTO DE VIVEIRISTAS

Ontem foi dia de recepção ao ministro do mar que veio assistir à passagem do filme Cavalos de Guerra. Algumas pessoas tentaram arranjar um bilhete mas a autarquia já os havia distribuído pelos amigos do regime.
A grande maioria dos convidados não tem qualquer outra relação com a Ria Formosa que não seja pelo uso balnear e que nunca tiveram quaisquer preocupações com cavalos marinhos ou outra espécie. Se alguém defende a Ria Formosa são precisamente os que nela trabalham porque estão dependendo das suas condições ecológicas.
As entidades publicas que têm por obrigação zelar pela qualidade ecológica da Ria não fazem mais do que tentar enganar as pessoas que nela trabalham, e não pejo algum em mentir quando se trata de falar da poluição. As ETAR e os esgotos directos são a principal causa da crise que se vive aqui embora as entidades digam que os seus efeitos estão confinados a 400 metros, o que é uma grosseira mentira.
 Resultado de imagem para fotos de esgotos na Horta da CMOlhão
Tal como o interior da Ria está dividido em zonas de produção, também a costa portuguesa o está. À costa da Ria foi atribuída a zona L8, que está neste momento classificada como sendo de classe B. O que leva à classificação das zonas de produção/apanha de bivalves é a contaminação microbiológica (fecal), pelo que se pode dizer que essa contaminação proveniente dos esgotos directos e das ETAR já chega à costa que fica muito além dos tais 400 m.
Como consequência da elevada poluição a zona Olhão 3 está interdita, o que impede os viveiristas, cerca de 150, e mariscadores de apenas procederem à manutenção das suas concessões, o que levou a que alguns deles de forma espontânea fossem receber o ministro e dizer de sua justiça.

 Confrontado com a situação destes viveiristas, o ministro ficou de com eles reunir no próximo dia 4 de Dezembro, para hora a definir.
Resta saber se vão manter a promessa fazendo mesmo a reunião ou se foi apenas uma forma de evitar uma discussão em plena rua. O tempo o dirá!
É verdade que não compareceram a totalidade dos lesados, mas pelo menos estiveram presentes cerca de 50 pessoas. Quanto àqueles que não compareceram porque têm as suas concessões nas restantes zonas de produção, lembramos que se as condições não se alterarem, daqui a uns anos eles próprios vão sofrer do mesmo problema. Lamentavelmente o Olhão Pescas não mobilizou ninguém para esta iniciativa embora saibam que a qualquer momento possam ser impedidos de trabalhar.
Na zona Olhão 3 existem cerca de 150 viveiros. Foi o Estado que os inutilizou com a poluição cabendo agora ao Estado ressarcir os concessionários pela perda do investimento e trabalho mas também acabar com a poluição na Ria e na costa.
O presidente da câmara tem graves responsabilidades nesta matéria. Na década de oitenta do século passado, uma parte significativa da cidade, foi objecto de obras de saneamento. Depois disso foram feitas muitas ligações dos esgotos domésticos à rede de aguas pluviais que agora dizem ser clandestinas. O presidente mente cada vez que abre a boca.
Todas as obras nessa altura eram precedidas de um processo camarário pelo que a autarquia sabia onde eram feitas. Competia à autarquia proceder á ligação dos esgotos à rede publica, mas delegava nos construtores essa tarefa, mas estaria obrigada a fazer o acompanhamento e fiscalização. Desde logo, a responsabilidade da actual situação é única e exclusivamente da autarquia.
Em Novembro de 2013, quando toda a Ria foi desclassificada, o presidente no Auditório Municipal afirmou que já tinha 500 mil euros para acabar com os esgotos directos, embora sabendo que tal verba não dava sequer para começar. Mentiu nessa altura como continua a mentir agora!
Que todos os que vivem e trabalham na Ria se unam para a defender!

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