sábado, 9 de novembro de 2019

RIA FORMOSA: O MURO DO DESCRÉDITO

Foi noticiado na passada semana, a construção de um muro com trinta metros de comprimento, por um e meio de largura e meio de altura, o que está a dar que falar.
Assim de acordo com o Expresso, a APA está a investigar aquela construção, conforme se pode ler em https://expresso.pt/sociedade/2019-11-06-Ambiente-investiga-construcao-de-muro-ilegal-com-30-metros-na-ilha-da-Culatra.
De visita ao local, o representante do ICNF vem dizer que aquilo não tem qualquer impacto nos valores naturais, o que nos surpreende, já que inicialmente a argumentação para a demolição de casas era o facto de estarem na "duna primaria", Bom, então e o muro não está na duna primaria?
Se o muro não tem impacto que impacto tinham as casas demolidas?
Por outro lado, trata-se de uma construção não autorizada e lembramos que o mesmo Instituto teve comportamento contrário quando se tratou da casa dos ingleses na Ilha da Armona, deduzindo um embargo, embora a construção tivesse sido autorizada pela câmara municipal de Olhão. A casa dos ingleses estava ilegal, diziam eles, e o muro não está? O que leva a esta tomada de posição do presidente do ICNF?
A partir daí, assiste-se ao jogo do empurra de uma autoridade para outra, estando o bebé nas mãos da APA, presidida por um tal Pacheco, que também preside à Sociedade Polis, a tal que andou a demolir as casas. 
O que será que andam a investigar, se é que há alguma coisa para investigar? Basta que quem o fez se cale e recuse a prestar declarações, para que os autores fiquem livres de qualquer acusação, já que não havendo flagrante nem provas testemunhais para que qualquer acusação caia por terra. Ou será antes uma manobra dilatória para não demolir o muro?
A construção deste muro pode funcionar como uma faca de dois gumes, porque à pala da sua demolição, a APA pode definir a segunda fase de demolições, dando corpo às intenções anunciadas há quatro meses atrás. como se pode ler em https://zap.aeiou.pt/ha-600-edificios-condenados-demolicao-268836.
No entanto, a forma como apareceu a noticia na imprensa regional torna-se muito suspeita. É que da mesma forma que as autoridades estavam a dormir e por isso não viram nada apesar da dimensão do muro, quando é certo que a Policia Marítima anda sempre naquelas paragens a ver quem está à pesca. Ninguém viu, ouviu ou soube do que se passava numa obra que não foi feita num só dia. Claro que, embora não se possa afirmar, tudo leva a crer que terão sido exercidas algumas influências para afastar do local quem tinha a obrigação de fiscalizar.
Se mandar um guarda para Brancanes, ele não poderá saber do que vai em Bias.
Claro que é fácil mandar uma noticia destas para uma certa imprensa, que vai "alertar" precisamente as entidades que deviam estar no terreno mas não estavam. Seria interessante saber qual foi a fonte de informação da dita imprensa, porque pode haver uma surpresa desgradavel. 
Uma coisa é certa, o muro vem desacreditar as autoridades, e tão sérias que elas eram. Tenham vergonha e demitam-se!

6 comentários:

Anónimo disse...

Vergonha, demissão...!Mas que terminologia tão azeda, tão arreliante para alguém com uma vida doce e bela, politicamente correctíssima.

Anónimo disse...

O que acontece quando algo é exercido por gente sem crédito, eticamente mal formada, versão de acéfalo cão de fila de interesses espúrios quantas vezes mafiosos? Descrédito.

Anónimo disse...

Por falar em impacto ambiental, clandestinidade/ilegalidade, descrédito, alguém me pode explicar porque é que a Associação Portuguesa do Ambiente, o Instituto de Conservação da Natureza, o Parque Natural da Ria Formosa, entre outras entidades/autoridades, permitiram e permitem a introdução e a permanência em muitos viveiros da Ria Formosa de milhares de estruturas de ferro que pela sua oxidação poluem constantemente a Ria - para além do impacto visual? Estruturas essas, as chamadas "mesas", que servem para colocar sacos com ostras exóticas vindas do estrangeiro. Só para identificar alguns locais temos ao longo de centenas de metros n mesas de ferro entre a Culatra e os Hangares; temos centenas de mesas em viveiros em frente da Culatra e em viveiros na zona da antiga fortaleza. Estas estruturas fazem ou não mal à natureza? Poluem ou não poluem as águas? A lei permite ou não a sua utilização na Ria? A Lei permite ou não a introdução e a produção de ostras na Ria vindas de França, Tunísia ou Japão? Onde anda a ilegalidade e a clandestinidade no meio disto tudo? O muro de betão não vai ser demolido dado o seu carácter clandestino e estar a menos de 40 metros da linha de água? Alguém me pode explicar se existem casas que não sejam clandestinas na zona do Farol-Nascente? Porque é que as autoridades deixam agora que um muro construído na clandestinidade possa estar situado na linha da preia-mar e as barracas que estavam a 40 metros ou menos foram demolidas? Alguém me pode explicar como as autoridades competentes deixam barcos levar materiais de construção para as ilhas e se continuem a fazer muros e obras em casas clandestinas? Alguém me pode explicar porque após três dias deste post estar aqui no OL ainda ninguém se manifestou, mas agora que alguém tomou a iniciativa de abordar temas pertinentes relacionados com a Ria e questões de legalidade/clandestinidade, amanhã já vão aparecer quatro ou cinco comentaristas altamente interessados nas questões da Ria, legalidades, demolições, etc a contestar conforme os seus interesses aquilo que aqui escrevi? Como diz o outro, "o resto é conversa"! E ainda temos os zoólogos, juristas e linguistas que percebem muito do assunto mas que só estão à espera que outros se manifestem primeiro para a posteriori do alto da sua sabedoria dizerem da sua justiça ofendendo se for preciso!

Anónimo disse...

Simples assim !
O primeiro relatório da pólis mencionava demolições do lado da costa.
Mas outros interesses se levantavam , por isso foram demolidas as casas na ria com a conivência da maioria pois a mesma seria poupada, ou ficou no ar essa promessa. O muro , as ostras, o cais a cair de podre , o esgoto a desaguar na ria , a pesca artesanal etc são "peanuts" para quem já tem um cargo assente nestes departamentos pseudo-ambientais como pólis e apa. O pooc entretanto já está a ser reescrito ,para quê dessa forma as casas de veraneio possam ver a sua legalidade durante uns anos ,mas não há "almoços grátis " e os que ficaram vão desejar que as suas casas tivessem ido na primeira leva.

Anónimo disse...

Só falta pintar SOS RIA FORMOSA no muro, e chamar ilha do Julinho e companhia.

Anónimo disse...

Aguarda-se o Onde, Como, Quem é abrangido pelo POOC reescrito. Ficamos para ver se mais uma vez " para os amigos tudo, para os outros as nossas leis".