Nos últimos tempos, temos ouvido uma acesa discussão em torno do negócio da escola privada, mas esqueceu-se o papel do Estado na protecção social na infância e na terceira idade, sectores que entregou de mão beijada à iniciativa privada, financiada com dinheiros públicos.
Estamos a falar da criação de instituições privadas que mais não são do que correias de transmissão dos partidos que exercem o Poder e fonte de empregos pagos com troca de favores.
Na maioria dos casos, as instalações dessas instituições privadas, são construidas com dinheiros públicos, comunitários ou nacionais, mas públicos, e que em principio se deviam destinar aos mais desfavorecidos. No entanto verificamos que também na maioria dos casos, a percentagem de desfavorecidos é baixa, porque a sua contribuição não cobre os custos de funcionamento.
É assim com os infantários, que cobram uma percentagem elevada do salário de um trabalhador normal, como é assim com os lares onde as reformas não chegam para pagar as mensalidades, apesar de tanto nuns casos como noutros a Segurança Social financiar as instituições com verbas que, obedecendo às regras fixadas, suportariam as despesas de funcionamento.
Acontece que quem dirige estas instituições procura obter lucros ou pô-las a funcionar como um sindicato de voto ao serviço do partido a que pertencem os seus dirigentes, porque não tenhamos ilusões, quem está por detrás da elaboração das listas candidatas às direcções, em principio tem ligações partidárias, especialmente da força que exerce o Poder local.
Porque não criou a Segurança Social uma rede publica de infantários e lares da terceira idade e depois financia instituições privadas, dotando-as das verbas necessárias desde a construção ao funcionamento? É evidente que a resposta só pode ser a oportunidade de negócios, a satisfação de clientelismos.
São os trabalhadores, com os seus descontos que financiam a segurança social, e esta por sua vez faz aplicações financeiras como entende, financiando indirectamente até a falida banca portuguesa, quando devia utilizar o dinheiro dos descontos na protecção social de quem trabalhou.
O elitismo que encontramos na maioria dos utentes dessas instituições contrasta com os objectivos de protecção social previstos na Constituição da Republica Portuguesa, dando àqueles que ao longo da vida, regra geral, não tiveram de passar privações, enquanto os filhos da pouca sorte, os trabalhadores assalariados, só a têm direito de acesso a essas instituições se tiverem uma boa cunha.
Os partidos que desde sempre governaram o País, PS/PSD/CDS, foram os promotores da transformação da protecção social num enorme negócio, do qual ninguém fala.
Quem cala, consente!
REVOLTEM-SE, PORRA!
1 comentário:
Muito bom,
Este é um tema e um problema do nosso sistema que deverá merecer reflexão.
Parabéns ao autor pela objectividade e lucidez de análise.
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