sexta-feira, 27 de março de 2015

RIA FORMOSA: DOS CRIMES AMBIENTAIS À LIQUIDAÇÃO DAS ACTIVIDADES ECONÓMICAS


Começamos por dizer que sobre as ultimas intervenções na Ria Formosa já se passaram quinze anos,  que por si só diz bem do estado de abandono a que tem sido votada, e tem-no sido de forma premeditada. Infelizmente há algumas pessoas que vêem nestes alertas uma cabala, não tendo a percepção que tudo não passa de um plano para correr com as populações indígenas da Ria Formosa, na medida em que à degradação ambiental da Ria está associada a degradação económica e social, razão pela qual os indígenas desta vasta área querem vê-la melhor tratada.
Para alem da produção de bivalves, que representa 80% do total nacional, a Ria Formosa funcionava como maternidade de espécies piscicolas de elevado valor. Tudo tem vindo a ser destruído, por efeito da poluição mas também do estado em que se encontram as barras naturais, completamente assoreadas e que não permitem a desejável renovação de águas no enorme lago que é a Ria.
As entidades publicas envolvidas e com jurisdição na Ria Formosa, desdobram-se na apresentação de estudos encomendados para branquear todos os crimes aqui cometidos. Foi assim com a poluição mas é assim também com a situação das barras.
Decorria  ano de 2009, e porque a empresa contratada para fazer a ligação de agua e saneamento à Ilha da Culatra abandonou a obra, José Apolinário à época presidente da Câmara Municipal de Faro, esforçou-se no sentido de que a ligação fosse feita com recurso a uma intervenção, apelidada de provisória, e já lá vão seis anos. Quantos mais, vai ficar assim?
Mas se isso foi em 2009 porque só em 2010, a Águas do Algarve emite o documento que se apresenta nas imagens? Bom, constatando o rápido assoreamento da barra fruto da deposição dos tubos no fundo, havia a necessidade de inventar uma desculpa. Daí que, como se pode ver na imagem de cima, se diga "embora esta barra se encontre totalmente assoreada só permitindo a sua demanda em situações de de preia-mar de marés vivas por embarcações de pequeno porte..."
Isto é uma mentira grosseira que visa criar a ideia de que a barra não é navegável, ignorando por completo as consequencias do assoreamento em causa.
Esta barra tinha uma largura de cerca de 3500 metros estando, agora, reduzida a 500 e apenas no preia-mar de marés vivas.
Qualquer pessoa compreenderá que, com uma coluna de agua de 2 metros vezes os três mil metros, a uma velocidade de 5 metros por minuto vezes os 360 minutos de uma maré, permitia uma renovação de cerca de mais de dez milhões de metros cúbicos de agua na bacia da Ria, o que seria de extrema importância para a produção de bivalves, para alem de diminuir o impacto da poluição.
Por outro lado o assoreamento da barra leva a que os barcos com maior dimensão tenham de ir à barra de Faro/Olhão com a consequente perda de tempo e dinheiro gasto em combustível.
Ou seja a falta de uma intervenção adequada não só põe em causa a qualidade ecológica da agua como contribui para a degradação das actividades económicas tradicionais desta zona da Ria Formosa.
Percebendo os sentimentos de quem vive da e na Ria, os aldrabões da Sociedade Polis e os governos, inventaram um programa de dragagens, com a desculpa da melhoria hidrodinamica,  no interior da Ria e do delta de vazante da barra em causa, mas não da barra, o que pode significar o fim definitivo desta barra, cm todas as suas consequencias. Mas então porque se gasta dinheiro numa obra destas?
Parece ser do conhecimento geral, que em todos os actos da governação, a palavra que mais se destaca é o Turismo e a náutica de recreio a ele associado. Como sabem os veleiros calam mais agua que a maioria dos barcos de pesca porque têm um patilhão e então é necessário dragar os canais dentro da Ria para permitir a navegabilidade deles. Ou seja, a aposta mais uma vez na degradação das actividades económicas tradicionais da Ria e substitui-las por outras, mais de acordo com s grandes interesses ecnomico-financeiros.
E é nesses planos que se inserem as demolições do edificado das ilhas barreira. Por isso o Povo da Ria Formosa deve dar um combate acérrimo às propostas dos partidos que se têm alternado no Poder.
REVOLTEM-SE, PORRA!


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