O Voto Útil é nos que defendem a saída do euro e o repúdio da dívida!
Na véspera do dia de
reflexão que a lei impõe, antes do acto eleitoral de dia 4 de Outubro, não
poderei deixar de propor à reflexão quais os temas que nesta campanha todos – e
quero mesmo dizer TODOS – os partidos, quer os do chamado arco parlamentar, quer os que não têm assento no parlamento,
consideraram tabu sequer aflorar, quanto mais debater ou propor saídas.
Ora, é sabido que o autêntico genocídio fiscal a que o povo
português está a ser sujeito tem origem numa dívida que não foi contraída por
ele, nem dela retirou qualquer benefício, mas que o directório europeu dominado
pelo imperialismo germânico impôs, levando vários dos governos fantoche que
controla na Europa, entre os quais se destaca o dos traidores Passos e Portas e
seu patrono Cavaco, a transformar dívida dos bancos em dívida soberana. Pois bem, este foi um dos temas tabu nesta campanha.
Outro dos temas proscritos desta autêntica farsa eleitoral
foi a discussão em torno da inevitabilidade da saída de Portugal do euro e da
União Europeia. Ninguém quis sequer discutir a evidência de que o euro, para
além de ser um garrote financeiro porque é uma moeda extremamente forte para
uma economia incipiente como a portuguesa, devido à destruição do seu tecido
produtivo – moeda de troca que os vendilhões do PS, PSD e CDS aceitaram para a
adesão de Portugal à então CEE -, se traduz na total perda de soberania do
nosso país em matérias cruciais para o seu desenvolvimento soberano e
independente, como sejam as políticas orçamentais, fiscais, cambiais, financeiras,
económicas e outras.
Só o PCTP/MRPP
denunciou que esta dívida é impagável e que, se Portugal não sair rapidamente
do euro, só no que concerne o pagamento do serviço
da dívida – isto é, os juros sobre os empréstimos
a que o governo recorreu junto da tróica de rapina –, em 2015 o povo foi
obrigado, através de cortes nos salários, aumento da carga de trabalho, roubo
das pensões e reformas, degradação dramática do acesso à saúde e educação, aumento
exponencial da pobreza e do desemprego, a pagar 7,5 mil milhões de euros de
juros.
Juros que aumentarão progressivamente cada ano, sendo que em
2016 a carga será de 9 mil milhões e em 2020 atingirá a cifra astronómica de
17,5 mil milhões de euros, isto é, mais de 10% do PIB, sem que, contudo, a
dívida seja diminuída. Neste contexto, falar de qualquer investimento estrutural
ou conjuntural, importante para o desenvolvimento nacional, regional ou local,
torna-se um puro exercício de estilo. Claro que, se os fundos decorrentes da
capitalização fiscal forem desviados para o pagamento da dívida, deixam de
poder de ser destinados a servir os interesses e necessidades do povo e de quem
trabalha. Diz o povo que, quando a manta é curta, ou bem que se tapa a cabeça ou
bem que se cobrem os pés.
É por isso um exercício de puro oportunismo, quer por parte
dos partidos germanófilos – PS, PSD e CDS -, quer por parte da chamada esquerda
parlamentar e não parlamentar, fugir à discussão destes temas. Escamoteiam que,
não saindo Portugal do euro – impondo uma nova moeda, o escudo novo - , nem
repudiando esta dívida ilegítima, os anos que se seguem traduzir-se-ão em mais
do mesmo.
Como se pode esperar
que seja diferente quando todos os recursos financeiros são alocados ao
pagamento, apenas dos juros da dívida, os fundos absolutamente necessários para
a consolidação de um SNS, uma política de educação, de assistência social e de
combate ao desemprego, que respeitem a dignidade humana, para além da
implementação de um plano económico justo, soberano, moderno que aporte bem
estar e riqueza ao povo e faça com que Portugal assuma o seu papel de actor
principal na nova centralidade europeia que passa pelo Atlântico e renegue de
uma vez por todas o papel de periferia com
que o imperialismo alemão e outras
potências europeias e não só nos quiseram impôr.
É nisto que, antes de colocar o voto na urna, o povo e quem
trabalha deve ponderar. E, se ponderar de forma avisada e objectiva, apelando à
memória das causas do seu sofrimento actual, só poderá votar no único partido
que propôs a debate os temas que, de facto, são responsáveis pela situação
actual a que partidos como o PS e o PSD e CDS, que governam o país há mais de
40 anos nos trouxeram.
Nota Olhão Livre: Em período de reflexão nada como fazer marcha à ré, e ler este post editado ontem por Luis Judice, http://queosilenciodosjustosnaomateinocentes.blogspot.pt/2015/10/o-voto-util-e-nos-que-defendem-saida-do.html no blog Que o Silêncio dos Justos Não Mate os Inocentes
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