domingo, 3 de novembro de 2013

OLHÃO: A MORTE LENTA DA RIA FORMOSA

Há muito que não trazíamos a publico noticias sobre a poluição na Ria Formosa, assunto que nos merece especial importância pelos impactos que tem no desenvolvimento social, económico e ambiental do concelho.
Começamos desde logo por fazer realçar o facto de a entidade exploradora-poluidora que é a Águas do Algarve, não cumprir com as suas obrigações de publicitação atempada dos resultados analíticos, uma vez que no seu sitio na Internet só tem os resultados até ao mês de Abril apesar de estar obrigada a fazê-lo mensalmente. Estamos em Novembro e portanto com um atraso de pelo menos cinco meses, tudo indicando que aprenderam bem e depressa com a Câmara Municipal de Olhão na sonegação de informação aos cidadãos.
Não podemos deixar passar em claro a mentira, a falta de credibilidade das analises efectuadas em laboratório próprio, porque, estranhamente no mesmo de Fevereiro, as analises não são publicadas em PDF como as restantes. É que no mês de Fevereiro aparece uma legenda dizendo não ser possível a determinação pela presença excessiva de cloretos, acima dos 2000. No entanto, na generalidade das analises aquela determinação é feita, dentro dos valores normais como não podia deixar de ser, apesar do excesso de cloretos. Aldrabão sou eu e não minto tanto.
Verificada a falta de credibilidade dos resultados apresentados, vamos então aos restantes valores e às consequencias da sua presença.
A Ria Formosa é um sistema lagunar com fraca renovação de águas, até pelo assoreamento das barras naturais e muito especialmente a Barra da Armona, o que provoca um efeito cumulativo de nutrientes que estão na origem da morte de quase todas as espécies, seja peixe, marisco ou plantas de fundo. Assim, a Ria Formosa torna-se necessariamente uma zona sensível sujeita a eutrofização e as descargas das águas residuais urbanas devem cumprir os valores paramétricos designados para tais zonas, correspondentes à tabela de baixo da imagem acima.
Como se vê, os valores de Fosforo e Azoto estão muito acima dos valores indicados para zonas sujeitas a eutrofização. O Fosforo e Azoto são utilizados como fertilizantes agrícolas, exactamente para ajudar a crescer as plantas, pelo que se torna fácil perceber o crescimento acelerado do fitoplancton consumidor do pouco oxigénio dissolvido presente nas águas lagunares. Sendo o oxigénio indispensável à vida, na sua ausência compreende-se a morte das diversas espécies presentes na Ria Formosa e principal fonte de rendimento de milhares de famílias.
Mas as descargas de águas residuais não se resumem a esta presença directa, visto que os Sólidos Suspensos Totais (SST) são compostos por matéria orgânica como fitoplancton, muito dele potencialmente toxigeno e susceptível de degenerar em biotoxinas marinhas, que estão na origem das celebres interdições da apanha de bivalves.
Os SST são também ricos em Fosforo e Azoto, não contabilizados nestas analises.
Assim temos que, as águas residuais urbanas ao descarregarem o fitoplancton e os nutrientes que os fazem multiplicar, contribuem decididamente para a falta de oxigénio e consequentemente para a morte das espécies, da degradação ambiental da Ria Formosa, e da asfixia económica e social do Povo que vive na e da Ria Formosa.
A Câmara Municipal de Olhão, entre outras abrangidas pela Ria Formosa, juntamente com o Povo de Olhão, têm a obrigação de uma intervenção junto das entidades responsáveis com vista ao fim da poluição da Ria.
Em devido tempo, apresentámos a solução de baixo custo de reutilização das águas residuais urbanas na agricultura, suportada em estudos científicos, como solução ambiental mais adequada, mas parece que a Câmara Municipal de Olhão está mais interessada na realização de grandes obras, para as quais não há dinheiro, mas onde podem ganhar uns cobres extra.
O Povo de Olhão é que não suporta mais tanta poluição, tanta degradação das suas condições de vida. BASTA!
REVOLTEM-SE, PORRA!

2 comentários:

João disse...

5.4 MILHÕES PARA VOLTAR A COLOCAR AREIA UMA DAS PRAIAS É PRAIA DA COELHA QUE É A PRAIA DO CAVACO MAS NEM UM CÊTIMO PARA GASTAR NA DESPOLUIÇÃO DA RIA FORMOSA:

Anónimo disse...

Onde anda a oposição?